quarta-feira, 24 de junho de 2009

ESPERANÇA QUE VENCEU A GUERRA

Lembro-me bem daquele dia, era uma bela tarde de sexta-feira, o céu revelava tons avermelhados acompanhando o lindo pôr-do-sol, eu estava feliz, sai do trabalho e ia caminhando em direção à casa de Lisa, minha noiva, antes de ir para minha própria casa aproveitar um fim de semana de descanso. Como sempre, ela me esperava no portão, dei-lhe um beijo, entreguei-lhe uma rosa dizendo o quanto a amava e depois de algum tempo conversando, segui meu caminho sem esquecer aquele olhar que conquistou meu coração.

Chegando a minha casa, encontrei uma correspondência no chão junto à porta e estremeci ao ver que a carta vinha do exército. Os rumores da guerra cresciam a cada dia, e como qualquer outro jovem, muitas vezes suava frio apenas de pensar na possibilidade de ser convocado para a guerra. Se bem que poderia ser outra coisa, apenas uma mensagem qualquer, ou teria sido entregue na casa errada. Parei de alimentar falsas esperanças e abri o envelope. Meus olhos percorreram cada palavra daquela carta, a respiração parou por alguns segundos, o coração bateu mais forte, não havia mais descanso naquele fim de semana, em dois dias deveria me apresentar no quartel da cidade...

Chorei muito aquela noite e quase não dormi. Conversei com minha família, contei sobre a convocação, eles choraram mais um pouco comigo, porém, não poderia perder aquele precioso tempo. Arrumei minhas coisas e parti, decidido a passar aquele último com Lisa. A notícia foi como uma bomba, que a pôs a chorar; ouvir suas palavras não foi fácil – E o nosso casamento? A nossa casa? Nossos sonhos? E se você morrer? Eu te amo – Ela não sabia que minha noite foi perdida naqueles mesmos pensamentos e todos os nossos sonhos que estavam prestes a se realizar.

Passado o impacto da notícia, Lisa também deixou a tristeza de lado e resolveu aproveitar ao máximo aquele dia comigo, fazendo coisas que gostávamos, passeando em lugares com significados especiais para nós. Foi muito agradável aquela tarde e conforme a noite foi chegando, a hora da despedida se aproximava. Inesperadamente, não houve choro, Lisa entrou em sua casa e voltou, trazendo uma foto dela e um lenço com suas iniciais, deu-me um forte abraço e sussurrou em meu ouvido – Você vai voltar, eu sei, e eu vou esperar, quando as coisas ficarem difíceis, olhe esta foto, pegue este lenço, estarei pensando em você! – aquelas palavras penetraram com força em meu coração. Dei-lhe o beijo mais carregado de amor que consegui e enquanto nos afastávamos, uma lágrima ameaçou cair, então virei e comecei a andar apressadamente – Pode ter sido o último beijo – pensei.

Depois de me apresentar no quartel, logo no outro dia partimos em viagem para a guerra. Não estava sozinho, pois milhares de homens e jovens como eu estavam rumando para o mesmo destino, muitos com medo, outros sem nada a perder. Acabei criando vínculos de amizade com o grupo que lutaria ao meu lado nas batalhas que viriam. Falarei deles mais adiante.

Lisa havia falado para olhar a foto e pegar o lenço quando as coisas ficassem difíceis, e assim, eu não parava de olhar sua foto e acabei amarrando seu lenço em meu punho. Cada momento era difícil longe dela. Pensava em minha família, meus amigos... Acabei por guardar a foto no bolso que ficava sobre o peito e dormi, de manhã chegaríamos ao destino.

Todos sabem que a guerra nunca é algo bom, porém só vivendo a experiência para entender e sentir o impacto e as marcas que ela deixa na vida e no coração de uma pessoa. Não gosto nem de lembrar as barbáries que presenciei e as cenas que só em uma guerra se vêem. A palavra horror descreve bem o que senti durante o tempo que estive lutando. Porém um momento gostaria de compartilhar aqui.

Depois de dois meses, já havia perdido quase todos os meus companheiros na batalha. A fome, o frio e o medo só cresciam em mim e nos soldados que estavam comigo. Pelo rádio soubemos que mais tropas chegariam para nos ajudar, mas isso levaria ainda mais três ou quatro dias. – Não vamos resistir – comentavam os soldados, e eu, segurava aquele lenço, e olhava a foto de Lisa (que já estava quase desmanchando).

Naquela madrugada, fomos surpreendidos pelo exército inimigo, ouvi tiros e o clarão das bombas explodindo, arrumei o fuzil e sai desesperadamente à procura de um esconderijo, olhei para o acampamento, muitos de meus companheiros corriam, outros gritavam no chão, morrendo. A floresta era densa, a escuridão era profunda, nunca corri tanto em minha vida e os tiros faziam-me correr ainda mais. Nas raízes de uma grande árvore encontrei um buraco com muitas folhas, onde entrei e joguei as folhas e galhos que encontrei ali perto por cima de mim. Tentava conter os tremores para não revelar onde estava, e assim passei aquela noite, escondido, ouvindo muitos passos de soldados que passavam ali por perto, uns falavam minha língua, muitos outros não. Graças a Deus não fui descoberto.

Na manhã e tarde seguinte, ouvia ainda soldados inimigos, de um lugar um pouco afastado da onde me encontrava escondido, provavelmente do nosso antigo acampamento, o que indicava que meus companheiros estavam mortos ou foram feitos prisioneiros. Passei aquele dia naquele buraco imobilizado pelo medo, com a remota esperança que talvez o exército que estava chegando pudesse me encontrar. Sentia mais fome e sede do que já sentira em toda minha vida. Mais uma noite passou e muitos tiros ainda eram ouvidos. Se saísse dali seria morto, eu sabia. Quando amanheceu, quase não sentia minhas pernas e braços. Apenas apertava mais forte o lenço de Lisa, como fiz o dia anterior inteiro. Nos momentos mais difíceis, pensava no meu retorno, no casamento, imaginava a cena onde eu estava brincando com meus filhos. Isso me dava forças, essa esperança revigorava minha alma.

Choveu muito naquela noite e o buraco onde eu estava entrou água, formando lama em seu fundo, além de encharcar toda minha roupa. Perdi a foto desse jeito, porém a lembrança de meu amor nem uma tempestade inteira poderia apagar. Foi quando ao amanhecer, ouvi uma grande batalha sendo travada, e vozes que gritavam na minha língua e diziam: “Peguem todos, não deixem nenhum vivo!”. Depois de algumas horas, ouvi a comemoração dos soldados e outra voz que dizia para os soldados verificarem se alguém ainda estava vivo. Eu precisava sair do buraco, esse era o momento de ser resgatado, senão morreria.

Depois de quatro dias sem dormir e comer, bebendo apenas água da chuva, mal conseguia ter forças para sair do buraco. Apenas andei alguns metros, cai no chão e desmaiei. Lembro de ouvir alguns passos e gritos dizendo – Um dos nossos está vivo aqui, venham! –.

Acordei dias depois, estava no que parecia ser um hospital montado pelo exército, estava limpo, minha roupa foi trocada, tinha dores pelo corpo inteiro, mas estava em segurança. Um médico quando me viu acordado, veio em minha direção.

- Soldado, você está bem?
- Sim Senhor, onde estou?
- Você está na nossa base militar, foi resgatado muito fraco e ferido. Pelo jeito ficou muitos dias sem comer, não é?
- Sim, fiquei escondido num buraco, nosso grupo foi atacado e todos foram mortos, só eu escapei.
- Não soldado, outro sobreviveu, seu amigo conseguiu fugir e ao chegar à base contou que viu você se escondendo e talvez pudessem socorrê-lo com vida. Nosso exército procurou então no lugar indicado e após derrotar os inimigos, encontraram você perto do buraco que seu amigo soldado havia falado.
- Nossa, ele está bem?
- Sim, ele está bem. Agora me responda uma coisa. Desde que você chegou aqui, segurava firmemente um lenço nas mãos. Foi difícil tirá-lo de você, o que significava aquilo?
- Senhor, aquilo era a minha esperança. Enquanto olhava para o lenço e o segurava, tinha esperança de sair vivo. Sempre que desanimava, olhava para ele e renovava minhas forças. Ganhei-o da minha noiva juntamente com uma foto sua, antes da guerra, ela está me esperando, cheguei a pensar que não voltaria, mas estou vivo graças a Deus!
- É meu jovem, acho que a sua esperança te salvou. Você ficou em coma por 10 dias, agora está bem. Ganhamos a guerra, semana que vem voltamos ao nosso país e você para sua noiva.

Você pode imaginar como esta história termina...

A verdade é que eu nunca fui para a guerra, mas esta história serve de base para algo que todos vivemos em parte e alguns viverão até o final feliz. Gostaria de falar um pouco sobre a esperança e sobre como é importante mantermos o foco nela.

Temos sonhos, projetos e todos desejam ter uma vida em paz e segurança. Mas infelizmente viver hoje é enfrentar uma verdadeira guerra todos os dias, e em muitos momentos choramos em nossas camas, pelo fato de termos que enfrentar mais batalhas além das que conseguimos vencer no dia anterior.

E para vencer nessa vida e manter-se vivo até o fim é preciso ter forças, e a esperança é algo que traz essa isso ao nosso coração. Muitos morrem ao nosso lado por não ter esperança em nada. Naquela guerra, a força estava no amor por Lisa, mas como ser humano, quem pode garantir que Lisa realmente esperou pelo nosso soldado? Muitos colocam sua esperança em seus bens, mas quem garante que os bens nunca se perderão? Como a nossa esperança pode ser frágil!

Por isso é extremamente importante colocar a confiança em algo que realmente vale à pena. E a única pessoa em que vale à pena colocar nossa esperança, é naquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente, Jesus Cristo, pois ele sempre cumpre o que promete.

Na história contada, o soldado tinha uma foto no começo e o lenço. Assim, muitos tinham a imagem de Jesus, após ele viver nesta terra, mas com o tempo essa imagem foi sendo esquecida, porém o amor nunca se acabou, como com Lisa. Mesmo com a imagem esquecida, o lenço continuou com o bravo soldado, e assim, a palavra de Deus, também continua conosco, para que nunca percamos a nossa fé, e nunca nos esqueçamos da onde vem nossa esperança. Podemos não ter todas as palavras de Jesus escritas, mas temos o necessário para viver (como o soldado com as inicias no lenço)

É importante em todas as horas, principalmente nas difíceis (em que estamos no buraco), mesmo quando os problemas nos atacam (como na história no ataque surpresa do exército inimigo), olharmos para a palavra e vermos que ainda há esperança. A palavra de Deus nos fortalece, e nos faz imaginar como será o futuro lá com Jesus, em paz e segurança. Então nunca solte sua palavra, nunca se afaste dela.

Você pode traçar muitos outros paralelos entre a história contada e nossa vida, mas lembre que se você tiver o foco na sua esperança, mesmo que morra (como o soldado ficou em coma), terá um final feliz, pois seu amigo (Espírito Santo) vai te encontrar, e toda essa guerra da vida irá acabar e poderemos nos encontrar com nosso grande amor.

Lembre-se: Sua esperança o fará vencer a guerra!

Romanos 15.4: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.”

Romanos 5.5: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”

Hebreus 10.23: “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.”

I Pedro 3.13: “Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,”

Deus abençoe sua vida, um grande abraço.
Jef Jones.

Um comentário:

Unknown disse...

Querido Amigo,
Realmente no meio de tantas lutas, esquecemos do nosso salvador, pois nos focamos em nossos problemas e tribulações.
E como vc disse, precisamos olhar para cima, pois é de lá que vem o socorro.
Mais um belo texto edificante, Parabéns!
Abs
Waine