A MORTE DE JOÃO BATISTA

Lendo a palavra em Mateus 14 onde fala da morte de João batista e o momento que anunciaram a notícia para Jesus, comecei a imaginar o que aconteceu nas entrelinhas, nos detalhes que não estão escritos lá. Então escrevi o que poderia ter acontecido entre dois versículos e imaginei como era viver com Jesus, ver suas reações, sua divindade dentro de um homem de carne e osso num momento difícil. Creio que seu poder se revelava em sua simplicidade. Seja bem vindo a minha imaginação, e comentem, pensem junto.

Mateus 14.12 - E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus.

Era de manhã bem cedinho, o sol começava a dar os primeiros raios de luz enquanto Jesus dormia profundamente em sua cama, repousando seu corpo que estivera muito cansado com o intenso cronograma ministerial dos últimos meses. Seu espírito resplandecia como luz, porém sua carne sentia a necessidade do descanso.

Descanso necessário ainda mais depois das horas de oração gastas quando já não havia mais ninguém olhando, nem discípulos, nem multidão, fariseus ou doutores da lei. O monte era seu lugar favorito, talvez por ter uma visão daqui da terra mais parecida com a que tinha quando estava junto ao Pai, ou por sentir-se mais perto de Deus, ou somente para poder ficar sozinho e vê-lo face a face...

Falamos (e lemos) na bíblia que Moisés viu a Deus pelas costas mesmo sendo homem, Isaías teve a visão do Senhor em seu trono, e outros homens que também tiveram grandes experiências com Deus. Mas já paramos para imaginar as experiências do Cristo homem aqui na terra em seus momentos de oração? Creio que Jesus pudesse ver seu Pai aparecer diariamente caminhando ao seu encontro no monte, nos jardins, nos desertos e etc., pois quando este ouvia seu chamado, seu clamor, seu anseio por Ele, vinha simplesmente para estar com o filho amado, pessoalmente, intimamente, gloriosamente. Era o plano de Deus para o Homem se cumprindo em Cristo, só que de Deus (pai) para Deus (filho).

Voltando ao quarto naquela manhã, de repente Tiago, um de seus discípulos entra pela porta apressadamente e vê que o mestre dorme. Chama por ele – Rabi, Rabi! – Porém o sono era profundo e Jesus não demonstra nem sinal de ter ouvido. Tiago aproxima-se e toca o Mestre, o chama novamente até ver a resposta –Aaaaaaaaaaaa!-, boceja, Ele está acordando.

Ele abre um dos olhos, abre o outro, o rosto está inchado. Olha para Tiago, até que focaliza seu rosto, vê que ele está apreensivo, triste – Tiago, o que foi? Aconteceu alguma coisa?

- Mestre, tenho uma notícia muito ruim para dar, porém acho que o Senhor gostaria de saber o quanto antes . Infelizmente soubemos que João Batista foi morto por Herodes. Seus discípulos buscaram seu corpo e o enterraram, ele foi decapitado a pedido da filha de Herodias.

Jesus levanta-se, vai até a janela, abre-a e vê o sol que acabara de nascer, porém sua luz não brilhava mais tão forte depois desta notícia. – Mais um – disse o Mestre. Tiago não entendeu, mas Jesus bem sabia o que falava, Ele vira a vida de todos os profetas e a morte de cada um deles através do próprio povo de Israel, o chamado povo de Deus. Homens escolhidos, usados para transmitir as palavras de Deus ao povo, agora mortos, fugitivos, sofredores.

Seu coração se enche de tristeza, pois amava João Batista, conhecia sua vida, sua integridade e fidelidade para com Deus. Continua fitando os olhos no horizonte pela janela, vê o mar e nele o reflexo do céu. Olhando para o alto sente-se confortado ao saber que ao menos João não sofreria mais, estaria com o Pai em segurança, esperando pela renovação de todas as coisas, a manifestação dos filhos de Deus.

Mas Ele ainda estava aqui, e sua missão ainda levaria um tempo para se concretizar. Pensou em todo o caminho que havia pela frente, seus sentimentos irradiavam pelo quarto, a tristeza, o conforto, a esperança e a força para continuar. Tudo demonstrava como fora afetado pela notícia. Tiago, que continuava perto da porta olhando para Jesus, foi impactado ao ver o semblante do Mestre, sua reação, seu amor pelo homem e sua tristeza em ver a injustiça que havia acontecido, em como a criação mais preciosa de Deus se desviara de seus caminhos.

- Vamos nos retirar, chame os discípulos. Arrumem o barco, atravessaremos o mar. Deixe-me por um momento, vou me arrumar e já encontrarei com vocês na praia - Vestiu-se, calçou as sandálias, não teve fome naquela manhã, abriu a porta e rumou para a praia. Os vizinhos começaram a ver Jesus passando por suas casas – para onde ele vai? – perguntavam-se.

Mateus 14.13 - E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades.

Deus abençoe,
um abraço.
Jef Jones